Ceasa na Região Noroeste do Paraná 22/04/2009 - 11:32
Ceasa define apostas do Noroeste na fruticultura
Central de abastecimento deve estimular vocação da região, favorecida pelo clima tropical, para a produção de frutas
A região de Umuarama está no caminho de quem sai de Foz do Iguaçu ou de algumas cidades do Mato Grosso do Sul e Rio Grande do Sul, e vai aos estados de São Paulo, Minas Gerais, Goiás e outros em busca de frutas como laranja, melancia, abacaxi e outras. Além da posição geográfica privilegiada, o Noroeste paranaense possui o clima tropical ideal para a produção de frutas, vegetais e verduras. Mas a ausência de projetos consistentes, até agora, impediu o setor de deslanchar.
A produção é tímida e não consegue vencer nem o consumo regional. Mas essa situação poderá ser revertida a partir deste ano com a previsão de entrada em funcionamento, em 90 dias, de uma unidade das Centrais de Abastecimento do Paraná (Ceasa), em Umuarama, e a organização dos produtores rurais da região para a introdução de novas opções de diversificação das propriedades.
O primeiro passo será a instalação do posto de informações da Ceasa do Paraná num complexo de 12 mil metros quadrados na margem da rodovia PR-323, onde já existem alguns boxes com a distribuição de hortifrutigranjeiros. Em um convênio assinado há um mês, a prefeitura de Umuarama cede parte da estrutura à Ceasa e para o local já está prevista a construção de um pavilhão onde os produtores da região poderão expor e comercializar seus produtos.
Os secretários municipais de agricultura e outras lideranças dos municípios de Umuarama e região se comprometeram em convocar os agricultores para uma produção coordenada dos produtos que serão oferecidos.
Segundo o técnico da Secretaria Estadual da Agricultura, Antônio Carlos Fávaro, um dos coordenadores do programa de hortifruti na região, só o mercado regional é um comprador em potencial, mas existem muitos compradores de fora.
Um exemplo é o abacaxi. Para desviar das praças de pedágio entre Cascavel e Maringá, compradores da Ceasa de Foz do Iguaçu passam pela rodovia PR-323 em Umuarama e vão a São Paulo ou Minas Gerais buscar a fruta ainda verde para atender ao mercado argentino, onde é alto o consumo do abacaxi verde e in natura. Fávaro cita que somente uma rede de supermercados de Umuarama gasta em média R$ 1 milhão todos os meses buscando frutas, verduras e legumes na Ceasa de Curitiba. “É um dinheiro que poderia ficar na região”.
Empolgado com a fruticultura está o pecuarista André Amaduci. Há dois anos ele plantou 4,8 hectares de abacaxi em parceria com alguns vizinhos em Iporã. “A produção não deu nem para quem quis.” Por isso, resolveu dobrar a área aproveitando mudas das primeiras plantas. E o excedente forneceu para outros vizinhos plantarem perto do distrito de Vila Nilza, em Iporã. “Um comprador do Rio Grande do Sul queria negociar a safra do próximo ano, mas preferi esperar a colheita chegar para obter melhor preço”. Ele adiantou que a média de lucro líquido com o abacaxi é de R$ 50 a R$ 60 mil por hectare ao ano.
Mas nem tudo são flores na fruticultura. O presidente da Ceasa do Paraná, Antônio Comparsi de Mello, que é de Umuarama, diz que já ouviu produtor de maracujá reclamando que produziu e não tinha para quem vender. Ou produtor de laranja que, para não perder a colheita, teve de pagar frete e levar o produto à indústria em Paranavaí, distante 200 quilômetros, e ganhar quase nada por isso. “A profissionalização do setor com a produção programada vai evitar prejuízos aos produtores.” Mello garante que o funcionamento da Ceasa na região é questão de semanas.
Outro problema que precisa ser superado é o da carência de técnicos especializados em hortifrutis. Segundo Fávaro, da Seab, as prefeituras da região têm em torno de dez técnicos e a Emater cinco. “O número deveria ser dobrado para o produtor ter maior assistência na região”, calcula.
Publicado em 14/04/2009 | Umuarama - Osmar Nunes, correspondente
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